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sábado, 29 de maio de 2021

Bizarrices da Gospeladia - #002

Cresci lendo HQ’s (histórias em quadrinhos). O primeiro e preferido até aos 9-10 anos foi o Chico Bento. Em seguida vieram os personagens Disney e aos 13 anos conheci os super-heróis, os quais acompanho atualmente nas produções cinematográficas, não mais colecionando revistinhas semanais, que sabia exatamente o dia e hora em que o carregamento poderia chagar nas bancas do calçadão de Nilópolis - RJ (cidade natal). Naquela época, inicio dos anos 90, era constante o desejo de alterar a realidade e mudar tudo o que eu não achava bom ou proveitoso… voar também foi uma habilidade muito desejada… coisa de criança mesmo…. ESSE É O PONTO! Assim como o “eu determino”, o “eu rejeito” expressa o cosmovisão daquele que foi um dos maiores, talvez, o maior precursor do que ficou conhecido como “Movimento Palavra de Fé” foi Kenneth Hagin (1917-2003), inspirado por E. W. Kennyon (1867-1948). Em minha humilde opinião, nada além de gnosticismo requentado e cristianizado. Em poucas palavras, o tal movimento afirma que o crente verdadeiro não pode ter dificuldades (doenças, distúrbios, desacertos e estaria imune às vicissitudes da vida) e tem o poder em suas palavras para trazer à existência o que se declara com a boca. Segundo Hagin, em 1993 Jesus o visitara e o curara de um defeito cardíaco e do câncer (importante informar que o mesmo faleceu vitima deste último). O maior de todos os problemas começou quando uma experiência pessoal serviu de “óculos” para interpretação bíblica e não o contrário. Lembre-se disso: NUNCA, sob nenhum aspecto, a bíblia pode estar sujeita às experiências pessoais. Mas, sujeite a experiência pessoal ao ensinamento bíblico. Caso contrário, o resultado será uma fé imatura, inventora de doutrinas e práticas carentes de base escriturística e lógica, senão vejamos: A vida de Jó é uma escola de sofrimento, da graça de Deus e de restauração. Ainda que assolações inomináveis o afligissem, não se vê em nenhum dos 1070 versículos algo parecido com “eu rejeito”. Ainda que a esposa o fustigasse, sua resposta elucida, expõe a mente de um crente maduro: “Mas ele lhe respondeu: Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” (Jó 2. 10) O que dizer de Jesus no Getsêmani? “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26.39). Procure neste e em quaisquer outro versículo dos Evangelhos, Jesus recusando-se ao calvário… não encontrará!
Se nem o Verbo Divino pelo qual tudo veio a existir, Aquele cuja a Palavra trouxe a existência toda a criação, curou, salvou e trouxe de volta do mundo dos morto pessoas como eu e você, se nem Ele ousou tais termos, POR QUÊ nós faríamos?
 Pouco depois, quando os soldados chegaram para O prender, Jesus repreende Pedro por lutar contra Malco e decepar-lhe a orelha. Poderia ordenar anjos para O defender, decretar a morte dos guardas pretorianos que ali estavam, mas não o fez. Antes, submeteu-Se ao Pai.
“Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” (João 18.11). Um dos grandes mistérios da Bíblia segue sendo o “espinho na carne” do Apóstolo Paulo. Embora muita especulação tenha sido feita e continuem surgindo, não sabemos do que se trata o tal “mensageiro de Satanás” citado por Paulo. Entretanto, fato é, não existe entre as epístolas paulinas o que possa ser interpretado como uma recusa ao revés. Se já se aplicou aos seus escritos, sabe que não faltou dificuldade na vida deste valoroso homem de Deus e nem por isso leu algo como “eu rejeito”. Observe: “Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.8–9). Paulo não ‘determinou’ a mudança de status, ‘rejeitou’ a situação adversa ou ‘profetizou’ (Bizarrice #003) para si o triunfo. Antes, disse: “três vezes PEDI ao Senhor que o afastasse de mim”. Pediu, entendeu? De Jó a Bíblia afirma: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.” (Jó 1.1). Jó foi um homem fiel a Deus em tudo, Jesus é o próprio Deus encarnado e Paulo, certamente foi o apóstolo mais proeminente. Para nenhum deles faltou fé, fidelidade, intimidade com Deus ou autoridade, não é mesmo? Isso desmonta a tese de que se o crente está no aperto, deve usar tais termos e se a realidade não for transformada como no desejo de uma criança fã de HQ’s, o problema seria um dos citados acima. Nesse caso, como orar sem parecer patrão do Todo Poderoso? Simples: Ore a Bíblia! A única maneira de orar conforme a Vontade de Deus é “plagiar” a oração de Jesus em Mateus 26.39, Marcos 14.36 e Lucas 22.42. Ou seja, deixe claro o seu PEDIDO, mas SUBMETA-O ao eterno decreto do Senhor. Só não dê uma de criança mimada rejeitando o que Deus, graciosamente te proporciona de bom ou ruim. “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.” (Salmos 119.71)

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